(imagem retirada da net)
Num sorriso discreto e sonolento, os primeiros raios de sol brilhantes, deram-me os bons dias e invadiram o meu quarto desarrumado, fazendo despertar a minha alma que ainda dormitava. Uma alegre recordação da noite passada, fez sorrir entusiasmadamente o meu interior. Levantei-me, senti-me leve, fui até á janela, estava um lindo dia!
-Amo-te sabias? - Sussurraste-me tu ao ouvido, como se me estivesses a contar um segredo que há muito guardavas e ansiavas por me revelar. A noite estava calma, as estrelas cintilantes pareciam alegrarem-se ao verem-nos juntos, o luar estava lindo e beijava o céu numa carícia pura, uma brisa suave abraçava as árvores envolvendo-as numa ternura indescritível, o coaxar das rãs apaixonadas ecoava a nossa linda e vibrante canção de amor, as águas do rio tinham adormecido, e nós, sentados na sua margem esquerda, olhávamos para ele admirando a paz profunda e a tranquilidade permanente do seu sono. Parecia sonhar, pois por vezes suspirava enternecidamente.
-Amo-te. - repetiste-me tu novamente. Olhaste-me e sorriste, como é lindo, esse teu rasgado sorriso de menino alegre cheio de sonhos banais. Nada te disse, pois nada te sabia dizer naquele momento sem tempo. Apenas ri, dei uma daquelas sonantes e, ao mesmo tempo estranhas gargalhadas, que em ti provocaram uma cara de espanto e uma testa franzida. Beijei os teus lábios sentindo a doçura que só eles possuem e sabem guardar, e, naquele breve suave beijo tu percebeste que aquela era a minha diferente maneira de dizer que também te amava.
Os teus olhos claros olhavam os meus indiscretamente, não consegui fugir-lhes, e senti que me falavam através do seu brilho incandescente. Sorris-te ao perceber que também eu te olhava profundamente, e que também te tentava descobrir secretamente. Desvias-te o teu olhar misterioso, passas-te carinhosamente a tua mão suave pelos meus cabelos castanhos compridos e encaracolados, fixaste-te na estrela mais brilhante e mais bonita que enfeitava o céu de veludo azul escuro, e, sem nada o fazer prever, disseste-me:
- Estás a ver aquela estrela? É o teu reflexo. Tem a delicadeza dos teus gestos, o brilho inefável do teu olhar, a malandrice e a meiguice do teu sorriso, o eterno e grandioso amor do teu coração perfeito e a beleza inconfundível do teu rosto e do teu ser. Tu, és a estrela que dá sentido ao rumo emaranhado da minha vida, e sem ti, já não saberia como seria viver.
As tuas palavras suaves e envolventes tocaram-me como uma pena macia. Senti-as e arrepiei-me ao sentir que me pertenciam. Não consegui evitar, e sobre a minha face ebúrnea pequenas lágrimas emocionadas deslizaram lentamente. Não hesitaste e limpaste-me suavemente cada pedacinho das minhas lágrimas tépidas. Queria dizer-te tanta coisa e nada saía, as palavras ficavam presas e atafulhadas, queria dizer-te o que sentia por ti, o quanto eras importante na minha vida e o quanto precisava de ti ao meu lado para poder seguir com confiança os caminhos que o destino me traçava. Nada, nem uma única palavra consegui dizer-te. Mas os teu olhos húmidos souberam ler aquilo que o meu rosto espelhava e o que o meu coração sentia. Os teus lábios procuraram os meus, e numa carícia e num gesto de puro amor beijamo-nos apaixonadamente. Por cima de nós, uma estrela cadente acabava de rasgar os céus. Pedi um desejo: que este sonho não tivesse sido um sonho, mas uma eterna realidade.
( o meu primeiro texto fictício, para a Fábrica de Histórias)