21
Jan09
O vento ternamente sopra lá fora
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O vento ternamente sopra lá fora,
A chuva espreita, por janelas escondidas,
Mas não cai, pois ainda não chegou a hora
De se oferecer em gotas, um dia prometidas.
E como dói este esperar aqui na solidão,
Por essa água que me saciará a sede.
Já nada corre nos vales do coração,
Que mais que a água, é amor que pede.
E de repente, dos meus olho ela caiu,
Uma pequena e transparente semente fria,
Que no chão da minha triste alma se fundiu,
Dando vida á fonte da secura, que ali crescia.
Aconchego-me então á vida que me foi dada,
Abraço o presente e esqueço o passado.
No futuro o que existe? Simplesmente nada,
Porque a chuva não regou o que foi semeado.